quinta-feira, 1 de março de 2012

Registo de Observações Clínicas de Erna Blanche

Boa noite pessoal,

Nestes últimos dias não temos deixado notícias porque tivemos uns dias um pouco mais atribulados que o normal. Além disso, só hoje é que tiramos fotos giras para por, porque como sabem uma imagem vale mais que 1000 palavras.

Basicamente, como o próprio nome da mensagem indica, esta semana foi essencialmente destinada para a aprendizagem das Observações Clínicas da Erna Blanche, que, caso se recordem, são aqueles exercícios que vimos na aula do terapeuta Fáias através de um DVD.

Tudo começou na 2ª feira. Dedicamos a manhã a uma reunião entre professores e psicólogos educacionais para discutir os vários casos problemáticos de uma escola. Apesar de longa e pesada, esta reunião foi interessante para ver a discrepância nas opiniões entre os diferentes profissionais de saúde. Para vos dar um problema mais concreto, abordou-se um caso em que o miúdo rejeitava por diversas vezes a comida que a mãe lhe dava. Coincidência ou não, o psicólogo pensou logo que este menino não aceitava este alimentos por algum ressentimento ou rejeição que tivesse em relação à mãe, sendo esse o motivo para não aceitar a comida. Do ponto de vista da Terapia Ocupacional, especialmente dentro da perspectiva sensório-integrativa, esta rejeição pode relacionada com problemas ao nível da modulação sensorial. É um dos exemplos das diferentes interpretações que podem surgir consoante a formação de cada um, sendo que todos estes contributos são essenciais para descobrir a base dos problemas de cada criança.

Depois disto, à tarde, falamos um pouco das Observações Clínicas, e também daquilo que iria ser a nossa carga de trabalho ao longo da semana. Isto tudo como forma de preparação para o dia seguinte, onde iríamos observar a terapeuta a pôr em prática esta forma de avaliação. De realçar, que após visualizarmos este registo a ser posto em prática, notamos bem que se trata de um método que envolve uma mistura de actividade estruturadas e não-estruturadas, sendo que por vezes vamos atrás daquilo que a criança pretende fazer, que é por si só, um aspecto relevante para a nossa avaliação. A terapeuta reforçou também a importância de observar a globalidade da criança, não focando só no aspecto a ser testado. Por muitas vezes, existem movimentos associados, problemas de postura e outros indicadores importantes para retirar das actividades. É também importante neste processo a realização de um raciocínio clínico bem elaborado de forma a estabelecer hipóteses para a base dos problemas do cliente, e ir eliminado aqueles que vão sendo refutadas por resultados de testes posteriores. Por exemplo, num dos casos que observamos verificou-se claramente um défice ao nível da praxis e da coordenação motora bilateral. O facto de no brincar a livre a cliente ter mostrado preferência por uma actividade proprioceptiva, explica que na base dos problemas de praxis está provavelmente um défice no processamento proprioceptivo, pelo que, provavelmente a criança sente-se organizada na presença deste tipo de estímulo. É extremamente fascinante a interpretação que está subjacente perante uma avaliação, sendo que cada vez mais compreendemos a importância do conhecimento do funcionamentos dos vários sistemas sensoriais e as relações entre eles, tudo isto associado às características do desenvolvimento normal para identificar qual o passo da sequência que está comprometido. E chegou o grande dia. O dia em que fizemos a primeira avaliação de forma independente. Passou tudo tão rápido, tão intenso, que nem demos conta do tempo passar. De realçar a dificuldade em ir observando, tirar apontamentos sobre o que estamos a ver e ao mesmo tempo raciocinar sobre o caso. Apesar disso, foi uma experiência única que nos permite cada vez mais amadurecer como futuros terapeutas. No fim ainda fizemos uma actividade na piscina de bolas ... é claro que não resistimos experimentar :)



Já hoje, tivemos sessões com três meninos, uma delas que consistiu em par e outra individualmente. Especialmente na segunda sessão a diversidade de actividade foi imensa, pelo que foi uma sessão muito gira para tirarmos ideias para o futuro. E além disso, tivemos direito a envolver-nos na actividade com a criança, andando na scooter e competindo contra ele. Ficam aqui algumas fotos para vos mostrar a riqueza da sessão e quantidade de materiais envolvidos que possibilitou um sessão muito estimulante e que trabalhou diversas competências na criança.






Por fim, tivemos uma sessão com duas educadores e uma terapeuta da fala para discutir um caso em específico e decidir os próximos passos na intervenção com esta criança. Em conclusão, é também importante referir que nesta semana decidimos diversos pontos importantes para o nosso estágio. Em primeiro lugar fizemos contactos com diversas associações para fazermos algumas visitas. Desta forma, seria-nos possível conhecer diferentes realidades da Terapia Ocupacional e diferentes casos daqueles que costumamos apanhar no Centro de Saúde. Contactamos a APPC de Faro onde iremos fazer uma visita para observar uma sessão de Hipoterapia e o restante funcionamento da Terapia Ocupacional na instituição. Iremos também fazer uma visita à Fundação Irene Rolo cuja intervenção da Terapia Ocupacional se direcciona a casos mais graves, como por exemplo casos de autismo. Por fim, iremos ao Refúgio de Aboim Ascensão, que se trata de um local para crianças órfãs e retiradas ao pais, existindo casos também um pouco diferentes como Síndromes de Abstinência, Alcoolico Fetal, entre outros.

Em segundo lugar, decidimos também os nossos casos!! Eu irei ficar com um menino de 5 anos que tem um problemas metabólico que lhe provoca hipotonia e défices sensoriais.  O meu segundo caso é uma menino de 2 anos e meio, encaminhado para Terapia Ocupacional, pelo que está actualmente em avaliação para ver se cumpre os critérios necessários para integrar a Equipa de Intervenção Precoce. Já a Teresa, vai trabalhar numa criança com 10 anos com Défice na Modulação Sensorial com quem já intervimos duas vezes em sessão de grupo, apresentando também como comorbilidade problemas ao nível emocional. O outro caso é um menino 5 anos que ainda não iniciou a avaliação, sendo que foi encaminhado por suspeita de Hiperactividade.

De resto e com já muita coisa relatada ficamos por aqui. Esperem por mais desenvolvimento na próxima semana que vai ser atribulada visto que temos de preparar uma sessão.

Carlos Campos com supervisão da patroa Teresa

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